Saiba os possíveis impactos da tarifa de 50% anunciada por Trump na economia do RN
10/07/2025
(Foto: Reprodução) Segundo Fiern, tarifas podem afetar preço de produtos e causar desemprego. Indústrias potiguares de petróleo, pescados e sal, que vendem para os EUA, temem mudança. Analistas avaliam tarifa de 50% de Trump contra Brasil como política e punitiva
Aumento da inflação, com alta no preço dos produtos, e aumento do desemprego são os principais impactos diretos temidos pelo setor industrial do Rio Grande do Norte após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil a partir de agosto.
Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, a taxa deverá afetar principalmente indústrias ligadas ao petróleo, à pesca, ao sal, fruticultura potiguar, que são as que mais vendem para o mercado norte-americano.
📳Participe do canal do g1 RN no WhatsApp
O anúncio de Trump quebrou expectativas positivas da indústria local sobre o avanço dos produtos locais no mercado americano.
O governo do Rio Grande do Norte informou que monitora a situação dos produtos importados pelo Brasil desde março, quando houve o anúncio das primeiras elevações. O aumento, segundo o governo, "exige um acompanhamento ainda mais rigoroso e uma atuação articulada com o Governo Federal e os setores produtivos, para preservar a competitividade dos setores exportadores do RN" (veja nota completa mais abaixo).
Relações comerciais
Em 2024, 8% das exportações potiguares foram para os Estados Unidos, o quarto maior parceiro comercial do estado. Mas a relação estava em crescimento.
Praticamente 100% das exportações de pescado potiguar são para os EUA (Arquivo)
Pedro Trindade/Inter TV Cabugi
Somente no primeiro semestre de 2025, as exportações potiguares para os EUA aumentaram cerca de 120% - foram 67,1 milhões de dólares, contra 30,5 milhões no mesmo período do ano passado.
Quais setores brasileiros mais perdem com novas tarifas de Trump
Brasil enfrenta a maior taxa entre países notificados por Trump; veja lista
O setor do petróleo foi responsável pela exportação de 24,3 milhões de dólares aos Estados Unidos, de janeiro a junho. No mercado de pescados, como o Atum e outros peixes costeiros, 100% das exportações potiguares foram para os EUA, segundo a Fiern - cerca de 11,5 milhões de dólares no semestre.
Segundo o governo do RN, embora o estado possua uma pauta diversificada no comércio exterior, as exportações e importações para o mercado norte-americano "têm participação expressiva".
Entre janeiro e março deste ano, o RN exportou US$ 26,2 milhões para os Estados Unidos, enquanto as importações somaram US$ 9,8 milhões, resultando em um superávit de US$ 16,4 milhões na balança comercial bilateral, informou.
Responsável pela produção de aproximadamente 95% da produção nacional de sal, a indústria potiguar também teme a perda de espaço do produto nos Estados Unidos para outros países com taxas menores.
Roberto Serquiz, presidente da Fiern, comenta tarifa de 50% anunciada por Trump para produtos brasileiros
Pedro Trindade/Inter TV Cabugi
"Quando a gente olha para o nosso atum, o nosso pescado da costa, cujo único mercado externo é exatamente o mercado americano, esse mercado fica completamente inviabilizado", disse o presidente da Fiern.
"Nossa preocupação se estende por esses dois campos: aumento de inflação e empregabilidade. Você imagine que o dólar já deu um aumento de 2%. Então veja que isso pode levar à inflação e pode, evidentemente, levar a esse cenário. Nós estamos falando aqui daquilo que sustenta o Rio Grande do Norte do ponto de vista de arrecadação, que são exatamente nossos ativos naturais", considerou.
Por outro lado, o presidente da Fiern defendeu "diálogo inteligente" e atuação diplomática "racional" para que a taxação seja revertida antes da data de início, que é 1º de agosto.
"Essa a grande esperança que nós temos", declarou.
Produtos exportados e importados
Em 2024, as exportações do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos totalizaram US$ 67,1 milhões, segundo o governo do RN.
Os dez principais produtos exportados nesse período incluíram produtos de origem animal impróprios para alimentação humana, caramelos e confeitos, albacoras-bandolim frescos, outros açúcares de cana, sal marinho a granel, querosenes de aviação, granitos, albacoras/atuns frescos, mangas frescas e castanha de caju fresca ou seca.
As importações, por sua vez, totalizaram US$ 76,2 milhões em 2024.
Entre os produtos oriundos dos Estados Unidos, destacam-se o óleo diesel, outras gasolinas, coque de petróleo, copolímeros de etileno e alfa-olefina, trigo e misturas de trigo com centeio, copolímeros de etileno e ácido acrílico, medicamentos com compostos heterocíclicos, caldeiras aquatubulares, poli (cloreto de vinila) não misturado com outras substâncias e medicamentos contendo produtos para fins terapêuticos.
Veja o que diz o governo do RN
O governo do RN se manifestou em nota. Veja abaixo:
"As implicações dos aumentos de tarifas, por parte dos Estados Unidos, para produtos importados do Brasil têm sido monitoradas com atenção pelo Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, desde março, quando ocorreu o anúncio das primeiras elevações. Essa monitorização visa orientar iniciativas que mitigam as consequências na economia do Rio Grande do Norte.
O anúncio do aumento da tarifa para 50%, a partir de agosto deste ano, exige um acompanhamento ainda mais rigoroso e uma atuação articulada com o Governo Federal e os setores produtivos, para preservar a competitividade dos setores exportadores do RN.
Diante da atual guerra tarifária imposta pelo governo Trump, o Estado do Rio Grande do Norte, por meio de seus órgãos de planejamento e desenvolvimento econômico, monitora atentamente os desdobramentos do cenário internacional.
Embora o Rio Grande do Norte possua uma pauta diversificada no comércio exterior, as exportações e importações para o mercado norte-americano têm participação expressiva. Entre janeiro e março deste ano, o RN exportou US$ 26,2 milhões para os Estados Unidos, enquanto as importações somaram US$ 9,8 milhões, resultando em um superávit de US$ 16,4 milhões na balança comercial bilateral.
Em 2024, as exportações do Rio Grande do Norte para os Estados Unidos totalizaram US$ 67,1 milhões. Os dez principais produtos exportados nesse período incluíram produtos de origem animal impróprios para alimentação humana, caramelos e confeitos, albacoras-bandolim frescos, outros açúcares de cana, sal marinho a granel, querosenes de aviação, granitos, albacoras/atuns frescos, mangas frescas e castanha de caju fresca ou seca.
As importações, por sua vez, totalizaram US$ 76,2 milhões em 2024. Entre os produtos oriundos dos Estados Unidos, destacam-se o óleo diesel, outras gasolinas, coque de petróleo, copolímeros de etileno e alfa-olefina, trigo e misturas de trigo com centeio, copolímeros de etileno e ácido acrílico, medicamentos com compostos heterocíclicos, caldeiras aquatubulares, poli(cloreto de vinila) não misturado com outras substâncias e medicamentos contendo produtos para fins terapêuticos.
É importante notar que, somente nos seis primeiros meses de 2025, o volume exportado para os Estados Unidos já se iguala ao montante exportado ao país durante todo o ano de 2024.
Diante dessas circunstâncias, é relevante fortalecer as políticas públicas adotadas pelo Governo do Rio Grande do Norte para o desenvolvimento sustentável, no que diz respeito à competitividade de nossos produtos no mercado externo.
As ações recomendadas incluem: mapear com precisão as barreiras tarifárias e não tarifárias em vigor para cada produto nos EUA; investir na capacitação técnica de exportadores locais sobre exigências sanitárias e padrões internacionais; fomentar acordos comerciais e protocolos fitossanitários bilaterais, inclusive por meio de articulação federativa; incentivar o reposicionamento de produtos nas cadeias de valor globalizadas, com foco em diferenciação e sustentabilidade; e apoiar a busca por novos mercados-alvo, especialmente na Ásia e América Latina.
Simultaneamente, há firme convicção de que as iniciativas adotadas pela Presidência da República em defesa da soberania brasileira e preservação da competitividade dos produtos nacionais no mercado externo — com assessoramento e respaldo dos Ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; e das Relações Exteriores — assegurarão a continuidade do crescimento e da prosperidade."
Veja os vídeos mais assistidos no g1 RN